Foreci

HORA DE SE PREPARAR PARA VOLTAR COM VANTAGEM NA
RETOMADA, AFIRMA PALESTRANTE DO FORECI SÃO PAULO
 
Para o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci, um dos palestrantes do Foreci São Paulo, que acontecerá na próxima quinta-feira, 22/10, na capital paulista, o corretor de imóveis deve aproveitar esse momento “para trabalhar o branding próprio, para se especializar, para trabalhar os seus produtos e, quando passar essa fase difícil, estar pronto para o mercado que vai voltar com uma grande vantagem”.
 
Na análise de Petrucci, a retomada do mercado desta feita será um retorno a algo que já se conhece: “Se voltarmos 15 anos no tempo, a gente jamais poderia imaginar que teríamos capacidade para ter um mercado imobiliário como nós tivemos nesses anos passados. A volta agora para o que nós já conhecemos é muito mais simples. Ou seja, o pessoal hoje, se o mercado imobiliário voltar daqui a seis meses, já sabe muito melhor como tratar dele do que sabia há alguns anos”, explica.
 
Além de Celso Petrucci, que traçará um panorama do mercado imobiliário em ternos nacionais e regionais, o Fórum Regional dos Profissionais Corretores de Imóveis de São Paulo, reunirá o mestre em economia e doutor em administração Samy Dana, que analisará o momento econômico e apontará perspectivas; Fernando Magesty Silveira, consultor da Vice-Presidência de Habitação da Caixa, e Maurício Quarezemin, diretor-imobiliário do Banco PAN, que tratarão de crédito imobiliário e financiamento;  o advogado e MBA em negócios imobiliários, Paulo Roberto Xavier,  que vai explicar todos os detalhes e trâmites que envolvem a documentação imobiliária;  e Beth Martins, psicóloga e consultora em recursos humanos, que mostrará como utilizar a inteligência emocional para vencer as adversidades e obter melhores resultados.
 
INSCREVA-SE AGORA – As inscrições para o Fórum Regional dos Profissionais Corretores de Imóveis (Foreci) podem ser feitas on-line ou pelo telefone (11) 3889-5899, ramal 578. O evento acontece no dia 22/10 (quinta-feira), das 9 às 18 horas, com credenciamento a partir das 8h30, e intervalo para almoço entre 12 e 14 horas, no Bourbon Convention Ibirapuera (Avenida Ibirapuera, 2.927, Moema, São Paulo-SP).
 
As vagas são limitadas e as inscrições custam R$ 60 para o público em geral e R$ 40 para os corretores de imóveis sindicalizados. Inscreva-se já.
 
Confira a seguir a íntegra da entrevista com o economista-chefe do Secovi-SP, Celso Petrucci.
 
O diabo é mesmo assim tão feio quanto se pinta com referência ao mercado imobiliário? Qual é, em poucas palavras, o diagnóstico do setor nos dias de hoje?
 
Em 2014, fechamos um ciclo de crescimento do mercado imobiliário e de crédito imobiliário. Aliás, em 2014 nós já começamos um ajuste neste ciclo. Esse ciclo durou de 2005 a 2013, e aí nós estamos numa fase que eu não gosto de chamar de crise, não gosto de chamar de dificuldade. Eu chamo de ajuste. Nós estamos ajustando o mercado imobiliário aos índices de confiança do consumidor, do empresário, em função de tudo o que vem acontecendo no País. Agora, para saber se o diabo é tão feio, eu acho que vai depender do que acontecerá até o final do ano. A nossa projeção para produção e lançamento de imóveis novos no Brasil como um todo é de 20 a 25% de redução em relação a 2014, que já foi um ano onde houve redução em relação a 2013. Mas vamos falar só de 2015 para 2014. O que temos visto nas pesquisas que consolidamos é uma redução dos lançamentos em torno de 20 a 25% no Brasil. No que se refere a venda, nós ainda temos regiões que estão positivas em termos, porque depois de dois anos seguidos reduzindo os lançamentos, há muita coisa em produção, muita coisa pronta. Então em termos de vendas eu acho que essa redução vai ser de 10 a 15% no Brasil. Sempre repito o seguinte: como os nossos dados são sempre de imóveis novos, a gente não tem uma estatística no Brasil do que tem de transação de imóveis de terceiros. Mas existe uma estatística americana e também europeia que fala que para cada imóvel novo transacionado existem seis a sete imóveis usados que também são transacionados.  Eu acho que essa queda que está acontecendo no novo deve estar acontecendo no usado também, inclusive pela questão do financiamento.
 
A situação do mercado imobiliário é fruto dos desacertos político-econômicos vividos pelo País, ou tem a ver com crise econômica internacional?
 
O mercado até 2010 foi um. Porque o crescimento do País até 2010 foi um. A partir de 2011, o mercado já veio perdendo um pouco daquela força que teve durante aqueles anos, e isso se acentuou em 2014 por motivos óbvios. Quer dizer, a economia vem perdendo força, existe uma crise internacional, e isso agora afetou o nosso mercado de uma maneira mais aguda. Por quê? O desemprego vem aumentando, a segurança no emprego é menor, a renda das pessoas, das famílias, a partir de 2014-2015, já entrou em decréscimo.  Temos inflação alta, taxa de juros crescendo. Então todas essas componentes, mais a crise econômica e institucional do País, estão deixando o nosso mercado muito mais voltado hoje para quem efetivamente tem necessidade do que para quem pensava em comprar um imóvel mais empiricamente. Ou seja, a cidade de São Paulo, que vendia 2.500 imóveis novos por mês, hoje está vendendo algo em torno de 1.500 imóveis novos por mês. Por quê? Porque a necessidade não para. Continua tendo demanda, a demanda é grande, mas só está comprando efetivamente quem já decidiu que necessita do imóvel.
 
Vai faltar dinheiro para o financiamento da casa própria? O que precisa ser feito no que se refere ao crédito imobiliário?
 
Vai. Não é que vai falar dinheiro. O financiamento imobiliário veio crescendo exponencialmente a partir de 2004-2005.  Nesse ano ele vai ter uma queda em relação ao ano passado. Essa queda tem origem em dois fatores. O primeiro fator é o êxodo dos recursos da caderneta de poupança. E o segundo fator é que, quando se está com recursos mais escassos, calibra-se melhor a concessão de crédito. Então a régua para a concessão de crédito subiu para a pessoa física e para a pessoa jurídica. No ano passado fechamos o crédito imobiliário do SBPE (Sociedade Brasileira de Poupança e Empréstimo) com algo em torno de R$ 120 bilhões. Existia uma expectativa no começo deste ano de que tivéssemos um crescimento de 15%. Sabidamente nós não teremos crescimento este ano no crédito imobiliário. Já deveremos entrar numa descendente.  Acho que vamos fazer como em anos passados.  Juntando o FGTS mais a caderneta de poupança são 1,1 milhão de operações. Deve haver uma queda aí de 10 a 15% no crédito imobiliário.  O que precisa ser feito? Nós vamos ter de esperar um pouquinho a taxa de juros baixar para  que se tenha recurso que caiba no bolso do comprador. Com a taxa Selic a 14,25% ao ano e com a perda de atratividade da caderneta de poupança não há dinheiro que se possa buscar em nenhum lugar. Se o investidor no título público tem 14,25%, como se vai oferecer alguma coisa para ele, para pegar esse dinheiro e emprestar a 10%? Nós vamos ter de esperar um pouco a volta da confiança na economia. Vamos ter de esperar cair a taxa de juros, para que a poupança volte a ter atratividade, para que o governo consiga pôr as Letras Imobiliárias Garantidas (LIG) e os covered bonds (obrigações hipotecárias). Enfim que ele consiga investidor para aqueles papéis, para que esse dinheiro venha para o crédito imobiliário e para que esse dinheiro chegue no bolso do comprador a taxas que, vamos dizer, seriam saudáveis, ou seja, em torno de 10% ao ano.
 
Há alguma luz no fim do túnel para o mercado imobiliário?
 
A luz que nós temos é a seguinte: o Brasil ainda necessita de 1,5 milhão de novos domicílios por ano. Agora, nós estamos passando por uma crise institucional, por uma falta de confiança na economia. Hoje a crise não é só do comprador, a crise é do empresário. O empresário não tem coragem de lançar. Vamos precisar que se resolvam esses problemas do Eduardo Cunha, do Renan Calheiros, da Dilma, se fica ou não fica, para que aquelas medidas de ajuste que estão no Congresso, a votação dos vetos aconteçam. Nós vamos ter de esperar um pouco para, na hora que voltar a confiança no mercado, imediatamente melhore o setor. O mercado imobiliário, principalmente o residencial, é o último a sofrer os efeitos da economia. Quando o residencial sofre os efeitos da economia, isso já passou pelos corporativos, já passou por logística, já passou pelos shoppings centers. Pelas outras áreas do imobiliário isso já vem há mais tempo. No residencial, que é, vamos dizer, onde existe uma necessidade a ser suprida para as famílias, chega mais tarde, mas também volta mais rápido. Essa é a vantagem de você trabalhar com um produto que as pessoas precisam, que é a moradia, que á a primeira moradia.
 
Falando para os corretores de imóveis, o que o economista-chefe do Sindicato da Habitação recomendaria no sentido de driblar a instabilidade do mercado imobiliário?
 
Recomendaria a mesma coisa que eu tenho dito para os consumidores. Eu tenho recomendado para os consumidores o seguinte: aproveitem o bom momento em que está o mercado para o consumidor. Nós estamos com muita oferta, há uma base de comparação muito boa, pode-se pesquisar e pechinchar. Para o corretor de imóveis eu diria o seguinte: é uma ótima época para trabalhar o branding próprio, para se especializar, para trabalhar os seus produtos e, quando passar essa fase difícil, estar pronto para o mercado que vai voltar com uma grande vantagem.  Se voltarmos 15 anos no tempo, a gente jamais poderia imaginar que nós teríamos capacidade para ter um mercado imobiliário como nós tivemos nesses anos passados. A volta agora para o que nós já conhecemos é muito mais simples. Ou seja, o pessoal hoje, se o mercado imobiliário voltar daqui a seis meses, já sabe muito melhor como tratar dele do que sabia há alguns anos.